quarta-feira, novembro 23, 2011

Cinquentenário do Caminho de Ferro do Vale do Vouga

Faz hoje 103 anos que foi inaugurada a Linha do Vale do Vouga pelo Rei D. Manuel II. O comboio percorreu com pompa e circunstância o troço entre Espinho e Oliveira de Azeméis.
Cinquenta anos depois, a Gazeta dos Caminhos de Ferro editou um número especial da revista, inteiramente dedicado ao cinquentenário.
Entre tantos artigos sobre cada um dos concelhos servidos pelo comboio, coube a Hermínio Augusto Dias, Presidente da Câmara de Vouzela nos anos 50, escrever sobre a nossa terra.
Hermínio Dias foi membro da Comissão Organizadora das comemoração dos 50 anos da Linha do Vale do Vouga, tendo inclusivamente feito parte da Comissão de Honra. Dada a importância que o comboio teve para a região, tal data não poderia passar despercebida.
Ficam aqui as reproduções com memórias de Vouzela no início do Século XX, inimagináveis e esquecidas nos tempos de hoje.


Como curiosidade, lembramos que há 103 anos atrás, o almoço comemorativo da inauguração da linha foi no edifício da assembleia de Espinho. Foi oferecido pela Compagnie Française pour la Construction et L'Exploitation de Chemins de Fer a L'Etranger e organizado pelo Visconde de Assentiz. A ementa desse almoço com a presença do Rei D. Manuel II e uma vasta comitiva de convidados foi a seguinte:


Menu:
  - Consomé a la Royale
  - Patés de foie-gras a la Périgord
  - Coeur de filet a la gastronome
  - Chaud-froid de perdreaux a la diplomate
  - Pintades rôties au cresson
  - Salade russe

Entremets:
  - Glace a la crême, aux noisetes pratinées

Dessert:
  - Gelée au marasquin
  - Charlotte russe au café
  - Fruits et bonbons divers
  - Patisserie

Vins:
  - Collares, Aguieira, Madère, Porto, Moêt et Chandon, Anadia Café

Cinquenta anos depois, o almoço comemorativo teve uma ementa bem mais "portuguesa" e regional:

Coleção particular de António Liz Dias



Se bem que a comemoração dos 100 anos da Linha do Vale do Vouga (em 2008) foi praticamente esquecida em Vouzela, talvez pelo facto de o comboio já cá não passar, para memória futura, teria todo o interesse não esquecermos que se aproxima a data dos 100 anos em que o comboio apitou pela primeira vez na estação. Já não temos comboio mas "quem não recorda o passado, está condenado a repeti-lo (Jorge Santayana)".
Sim. Eu sei. É só em Novembro de 2013. Mas todos sabemos como são estas coisas. Deixamos para a última e depois...

Que vai ser o almoço?

2 comentários:

Zé Bonito disse...

Vale a pena fazer o esforço e ler a crónica feita em 1958 por Hermínio Dias e que aqui se publica. É um retrato vivo dos usos e costumes de uma Vouzela dos finais do século XIX e princípios do século XX que ainda não via passar o comboio.
Excelente trabalho, CP.

manuel vaca disse...

tão bom tão bom-ganhei o dia Tó Gil-LIndas memórias.